A pequena irmã da noiva, Anna de La Mesa, de nove anos, é um tanto prematura, curiosa a respeito da vida dos adultos e recusa-se a se comportar como outras crianças de sua idade.
Anna, que sempre tira boas notas no colégio católico onde estuda e é boa aluna de natação, prefere imitar o requinte das damas da sociedade parisiense, como sua vó materna, a se misturar com crianças que mal sabem como tirar a casca de uma fruta e só sabem correr de lá pra cá e comer o tempo todo, como seu irmão caçula, François.
A mãe de Anna é a editora da revista Marie Claire, Marie de La Mesa, esposa do advogado Fernando de La Mesa, que tem origem espanhola.
Eram tempos difíceis na Espanha, que vivia sob a ditadura de Franco. Quino, cunhado de Fernando, havia sido assassinado criminosamente pelas forças do governo e a esposa dele, Margo e a filha, Pilar, haviam se mudado para Paris, como refugiadas políticas.
Fernando sempre soube das ligações de sua família com a militância política de esquerda mas havia preferido se afastar do problema anos atrás, mudando-se para a França, onde casou-se e teve filhos. Agora, com a morte de Quino, Fernando decidiu retomar às suas raízes e para isso programou uma viagem junto com a esposa para o Chile para acompanhar as eleições no país, onde Salvador Allende estava prestes a assumir a presidência.
Com a viagem dos pais, Anna fica em Paris com o pequeno François e a babá Filomena, refugiada cubana.Ao tentar explicar para a impaciente Anna o por quê da demora de seus pais em retornarem da viagem, Filomena acaba dando sua visão sobre quem são os comunistas ("aqueles barbudos vermelhos") e o que eles querem ("fazer a guerra nuclear") deixando Anna ainda mais confusa e assustada, principalmente quando vê seu pai retornar da viagem com barba.
O fato é que Fernando e Marie voltaram diferentes, falando em luta contra o imperialismo, solidariedade, engajamento, sistema de distribuição de riquezas, mudança para um apartamento menor, mudança de colégio da filha, troca de babá, controle de natalidade, aborto e até chamando o Mickey de fascista.
Domingo é dia de Cinema – Dia 06 de Abril de 2008 – ODEON BR
40 Anos de 68: Relembrar, Celebrar e Entender
fonte:sgeral@mst.org.br